Governo lança medidas para diminuir impactos da falta d’água

Data: 05/02/2015
Fonte: Cesan


Na tarde desta segunda-feira (02), os presidentes da Agência das Águas (AGERH), da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), e um meteorologista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), apresentaram um panorama a respeito da falta de chuva no Estado e anunciaram medidas para diminuir os impactos causados pela estiagem.

O Comitê Hídrico, do qual participam secretários e técnicos do setor hídrico do Estado e de áreas afins, definiu que as regras para a restrição do uso da água em atividades produtivas devem ser debatidas com os Comitês das Bacias Hidrográficas, colegiados que representam a voz da sociedade nas discussões sobre a questão da água. As discussões começaram desde a última sexta-feira (30). E há reuniões agendadas até a próxima sexta-feira (06).

No último sábado (31), uma ação conjunta da Agerh, em parceria com Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), com o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) e com a Polícia Ambiental flagrou uma situação de uso irregular de água no município de Alto Rio Novo. O córrego Rio Novo, que abastece o município, baixou a níveis críticos, obrigando a paralisação da Estação de Tratamento de Água (ETA). Na operação, baseada em uma denúncia anônima, constatou-se que o impacto decorrente de um crime ambiental era causado por uma captação irregular para irrigação. Um agricultor do município, que não tinha outorga (autorização para o uso da água), instalou uma bomba de médio porte para irrigar a plantação. O equipamento foi lacrado, e as autoridades presentes tomaram outras medidas legais cabíveis. O agricultor acabou sendo detido por crime ambiental, uma vez que desviou o curso do rio em aproximadamente 40 (quarenta) metros.

“Além de coibir os usos irregulares, o que temos colocado e levado aos comitês de bacia para que exerçam seu papel que é de regulação e de situação de conflito, é a negociação da redução de consumo para fins produtivos daqueles usuários regulares. Sabemos que existem os irregulares, e estes serão coibidos. Mas no caso dos usos regularizados, com outorga, o que a gente tem sinalizado é a necessidade de redução do uso. E, ao invés de colocarmos uma medida unilateral, a proposta é de que a comunidade, através dos comitês de bacia, encaminhe estas medidas”, pontuou Robson Monteiro, diretor-presidente interino da Agerh.

Em Alto Rio Novo a situação do Córrego Rio Novo, que abastece o município, é crítica. A vazão chegou a 09 l/seg, quando o mínimo para que a Cesan tenha condições técnicas para captar e tratar a água é de 14 l/seg. A presidente da Cesan acrescentou que a Companhia tem trabalhado com manobras, mas se não chover, a alternativa será recorrer a carros pipa para abastecer a cidade.

O Rio Santa Maria da Vitória, que abastece a Região Metropolitana, também chegou ao limite crítico de captação. Na tarde desta segunda-feira (02), técnicos da Agência das Águas (Agerh), Cesan, Iema e a Polícia Ambiental realizaram uma operação ao longo das margens do Rio Santa Maria, no município de Santa Leopoldina, com o objetivo de verificar a ocorrência de desvio da água do curso do rio para irrigação de lavouras. “Fiscalizações dessa natureza têm como foco principal a preservação do manancial. Se todos utilizarem a água com consciência, evitaremos situações como a ocorrida em Alto Rio Novo”, destacou Denise Cadete, diretora-presidente da Cesan.

A estiagem prolongada e o nível crítico do Rio Santa Maria levaram à diminuição do fornecimento de água para as empresas Vale e Arcelor. “A gente considera uma situação muito delicada, em que inclusive foi necessário trabalhar com as indústrias que abastecemos nessa região. Fizemos redução da água para estes segmentos. Nós informamos as empresas, estão cientes da situação, e estão fazendo manobras operacionais internas para conviver com a situação”, disse Denise Cadete, diretora-presidente da Cesan.

Considerando a vazão disponível do Rio Santa Maria da Vitória, a presidente da Cesan, Denise Cadete, disse que a empresa conseguiu captar neste final de semana apenas 2.700 litros/segundo, quando a sua captação de água bruta normalmente é de 3.200 litros/segundo. Nesta segunda-feira, houve um aumento de vazão de 100 litros por segundo.

Ela explicou que a Arcelor, que deveria receber contratualmente 1.000 l/s, de água bruta, teve uma redução de 40% no seu fornecimento. Com essa diminuição foi possível distribuir 1.800 l/s de água para a população. A companhia Vale, que recebe 200 l/s de água tratada, recebeu 50%.

Fornecimento linear
A Cesan passou a operar com a vazão de água tratada reduzida linearmente em 10%. “Não adotamos racionamento. Distribuímos a água de maneira igual para todos, porém com uma pressão 10% menor. Com essa medida, que vem sendo monitorada em tempo integral, não houve reflexos no fornecimento à população, uma vez que no atendimento telefônico 115, entre sábado e domingo, houve uma significativa queda no número de chamados por meio do telefone de atendimento ao cliente, o 115. Houve trinta e duas reclamações oriundas da Serra e cinco provenientes da zona continental de Vitória”, declarou Denise.

“Esse é um indicativo de que a população está começando a compreender a gravidade da situação e começa a fazer a sua parte, poupando água. Entretanto, apesar desse quadro de colaboração, a situação ainda é de alerta exige uma conduta ainda mais vigilante”, concluiu.

Com o objetivo de dar transparência à situação acarretada pela seca, a Cesan postou em seu site um link com informações sobre os três principais mananciais que abastecem a Grande Vitória e parte do litoral sul. Dessa forma, o cidadão pode acompanhar o nível dos mananciais em tempo real.

Chuva poderá não ser suficiente
O meteorologista do Incaper, Ivaniel Foro Maia, contribuiu com informações sobre a previsão do tempo. O técnico explicou que o aumento da nebulosidade pode provocar chuva rápida em algumas regiões do Estado a partir da próxima quarta-feira (03), mas a concentração destas e o volume não serão suficientes para normalizar os níveis dos reservatórios. “O beneficiado mais direto será a agricultura, que passará por uma espécie de pequeno alívio. O setor está passando por um estresse, então toda chuva que cai, será captada pela planta. Ressalto que se houver grande concentração de chuva em curto espaço de tempo, como está previsto, não será o suficiente para retirar o Estado da situação de alerta. A gente não pode garantir que um ou dois eventos sejam suficientes para voltar à normalidade. Vai chover. Mas vamos continuar utilizando a água de forma mais consciente. No ano de 2015 o capixaba vai ter que aprender a usar de forma consciente a água. A chuva pode dar um alívio imediato, mas o cenário futuro não é muito animador porque o período tradicionalmente seco está chegando” pontuou o meteorologista.


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